Grande Prêmio do Cinquentenário: mudanças entre as edições
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A prova originalmente estava marcada para o dia 18 de outubro de 1953, mas foi transferida para o dia 25 devido às chuvas. Alguns dias antes da data original, a imprensa publicava que a arrecadação já atingia a marca de Cr$ 500.000,00, um recorde para eventos esportivos realizados no Rio Grande do Sul até aquele momento. Todos os ingressos disponíveis foram vendidos. O público real, no entanto, provavelmente foi menor do que o previsto, já que, no final de semana seguinte, as chuvas continuavam castigando Porto Alegre. A prova seria dividida em duas categorias, uma para carros de até 1.200 cilindradas e uma para carros com força livre. A força livre era a grande atração do evento, pois pela primeira vez carros de ''grand prix'' se apresentariam em Porto Alegre. As despesas de transporte dos pilotos e de suas máquinas, além de suas estendidas estadias, foram arcadas inteiramente pelo Grêmio.<ref>Menegaz, Gilberto. Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira. Tempo e Memória. São Paulo, 2002.</ref> Curiosamente, entre as duas datas, cogitou-se inclusive a participação de Juan Manuel Fangio, então já campeão mundial de Fórmula 1, e de Chico Landi. | A prova originalmente estava marcada para o dia 18 de outubro de 1953, mas foi transferida para o dia 25 devido às chuvas. Alguns dias antes da data original, a imprensa publicava que a arrecadação já atingia a marca de Cr$ 500.000,00, um recorde para eventos esportivos realizados no Rio Grande do Sul até aquele momento. Todos os ingressos disponíveis foram vendidos. O público real, no entanto, provavelmente foi menor do que o previsto, já que, no final de semana seguinte, as chuvas continuavam castigando Porto Alegre. A prova seria dividida em duas categorias, uma para carros de até 1.200 cilindradas e uma para carros com força livre. A força livre era a grande atração do evento, pois pela primeira vez carros de ''grand prix'' se apresentariam em Porto Alegre. As despesas de transporte dos pilotos e de suas máquinas, além de suas estendidas estadias, foram arcadas inteiramente pelo Grêmio.<ref>Menegaz, Gilberto. Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira. Tempo e Memória. São Paulo, 2002.</ref> Curiosamente, entre as duas datas, cogitou-se inclusive a participação de Juan Manuel Fangio, então já campeão mundial de Fórmula 1, e de Chico Landi. | ||
[[Arquivo:GP do Cinquentenário 01.png|250px|miniaturadaimagem|direita|Carros da Força Livre no ''paddock'' da João Pessoa<br/><small>''Fonte: Livro Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira''</small>]] | |||
== Os pilotos == | == Os pilotos == | ||
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[[Arquivo:GP do Cinquentenário 04.png|250px|miniaturadaimagem|direita|Uma disputada fase da prova<br/><small>''Fonte: O Cruzeiro, 9 de janeiro de 1954''</small>]] | |||
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==O circuito== | ==O circuito== | ||
As provas se realizariam no chamado Circuito Farroupilha. O traçado tinha em torno de 3 km, no entorno do Parque Farroupilha, e havia sido bolado alguns anos antes pela já extinta Associação Rio-grandense de Volantes (ARVO). A largada e a chegada se davam no início da Rua José Bonifácio e os carros corriam no sentido anti-horário. Os boxes ficavam no antigo Posto Sagol, na esquina da José Bonifácio com a João Pessoa. Nos dias de espera pela prova, o local foi muito frequentado pelo público, que queria ver de perto os carros de grande prêmio. Oito arquibancadas foram montadas dentro do parque, além de duas passarelas, que deveriam permitir que as pessoas atravessassem as ruas em segurança enquanto as corridas estivessem sendo realizadas.<ref>Menegaz, Gilberto. Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira. Tempo e Memória. São Paulo, 2002.</ref> | As provas se realizariam no chamado Circuito Farroupilha. O traçado tinha em torno de 3 km, no entorno do Parque Farroupilha, e havia sido bolado alguns anos antes pela já extinta Associação Rio-grandense de Volantes (ARVO). A largada e a chegada se davam no início da Rua José Bonifácio e os carros corriam no sentido anti-horário. Os boxes ficavam no antigo Posto Sagol, na esquina da José Bonifácio com a João Pessoa. Nos dias de espera pela prova, o local foi muito frequentado pelo público, que queria ver de perto os carros de grande prêmio. Oito arquibancadas foram montadas dentro do parque, além de duas passarelas, que deveriam permitir que as pessoas atravessassem as ruas em segurança enquanto as corridas estivessem sendo realizadas.<ref>Menegaz, Gilberto. Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira. Tempo e Memória. São Paulo, 2002.</ref> | ||
[[Arquivo:GP do Cinquentenário 02.png|250px|miniaturadaimagem|direita|Gonzalez ainda à frente de Casini; grande público apesar da chuva<br/><small>''Fonte: Livro Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira''</small>]] | |||
==As provas== | ==As provas== | ||
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===Força Livre=== | ===Força Livre=== | ||
Com atraso, a largada para as 40 voltas da prova principal foi dada às 11h20. O anfitrião Catharino Andreatta largou na frente e manteve a liderança nas três primeiras voltas, quando teve que abandonar a prova por problemas mecânicos. Com a desistência de Andreatta, Henrique | Com atraso, a largada para as 40 voltas da prova principal foi dada às 11h20. O anfitrião Catharino Andreatta largou na frente e manteve a liderança nas três primeiras voltas, quando teve que abandonar a prova por problemas mecânicos. Com a desistência de Andreatta, Henrique Casini e Óscar Gonzalez (que havia vencido a primeira corrida) ficaram sem adversários na liderança. Na nona volta, a barra da direção do Allard de Gonzalez quebrou, facilitando muito a vitória de Casini. A prova foi completada a relativa baixa velocidade, com apenas os dois primeiros colocados na mesma volta. | ||
[[Arquivo:GP do Cinquentenário 03.png|250px|miniaturadaimagem|direita|Fórmula 1 em Porto Alegre<br/><small>''Fonte: Livro Automobilismo Gaúcho: Levantando Poeira''</small>]] | |||
==Os pódios== | ==Os pódios== | ||
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|{{URUb}} Óscar Mario "Bocha" Gonzalez | |{{URUb}} Óscar Mario "Bocha" Gonzalez | ||
|Simca 8 | |{{FRAb}} Simca 8 | ||
|1h 07min 17s | |1h 07min 17s | ||
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Edição atual tal como às 22h21min de 13 de setembro de 2021
O Grande Prêmio do Cinquentenário foi uma prova automobilística promovida pelo Departamento de Automobilismo do Grêmio em parceria com o Automóvel Clube do Rio Grande do Sul.
Os preparativos
A prova originalmente estava marcada para o dia 18 de outubro de 1953, mas foi transferida para o dia 25 devido às chuvas. Alguns dias antes da data original, a imprensa publicava que a arrecadação já atingia a marca de Cr$ 500.000,00, um recorde para eventos esportivos realizados no Rio Grande do Sul até aquele momento. Todos os ingressos disponíveis foram vendidos. O público real, no entanto, provavelmente foi menor do que o previsto, já que, no final de semana seguinte, as chuvas continuavam castigando Porto Alegre. A prova seria dividida em duas categorias, uma para carros de até 1.200 cilindradas e uma para carros com força livre. A força livre era a grande atração do evento, pois pela primeira vez carros de grand prix se apresentariam em Porto Alegre. As despesas de transporte dos pilotos e de suas máquinas, além de suas estendidas estadias, foram arcadas inteiramente pelo Grêmio.[1] Curiosamente, entre as duas datas, cogitou-se inclusive a participação de Juan Manuel Fangio, então já campeão mundial de Fórmula 1, e de Chico Landi.
Os pilotos
Embora as inscrições de Fangio e Landi não tenham se confirmado, os porto-alegrenses poderiam ver de perto, pelo menos, um piloto com experiência na Fórmula 1. Gino Bianco, que havia corrido quatro provas no ano anterior, tinha presença confirmada com seu Maserati. Os demais inscritos eram os seguintes:
Até 1.200 cilindradas
Piloto | Cidade | Carro | |
---|---|---|---|
3 | Óscar Mario "Bocha" Gonzalez | Montevidéu | Simca 8 |
4 | Lídio Erner | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
9 | Modesto Balcarce | Simca 8 | |
10 | Lupiscínio Vieira | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
12 | Gabriel Ricci Cuchiarelli | Porto Alegre, RS | Austin |
14 | Willy Beck Tybusch | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
16 | Luiz Lazzarini | Porto Alegre, RS | Renault |
32 | Osvaldo Moura Nascimento | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
40 | Aldo Costa | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
56 | Oddone Greco | Porto Alegre, RS | Fiat |
76 | Karl Iwers | Porto Alegre, RS | DKW |
78 | Ariosto Rego | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
84 | Odoaldo Reginato | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
88 | Darci Pozzi | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
90 | Salvi Dias Hernandes | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
96 | Julio Pinheiro Rocha | Porto Alegre, RS | Simca 8 |
Irany Almeida Chaves | Porto Alegre, RS | Simca 8 | |
Angelo Juliano | SP | Fiat | |
Andres Stefano | Fiat | ||
Armando Castandevet | Simca 8 |
Força Livre
Piloto | Cidade | Carro | |
---|---|---|---|
6 | Henrique Casini | RJ | Ferrari |
8 | Catharino Andreatta | Porto Alegre, RS | Maserati |
10 | Jayr de Mello Viana | SP | Ferrari |
12 | Benedicto Lopes | Rio de Janeiro, RJ | Maserati |
14 | Óscar Mario "Bocha" Gonzalez | Montevidéu | Allard J2-Cadillac |
15 | Arthur Souza Costa | RJ | Ferrari |
18 | Gino Bianco | Rio de Janeiro, RJ | Maserati |
20 | Rafael Gargiulo | São Paulo, SP | Ford |
22 | Luiz Valente | São Paulo, SP | Ford |
25 | Asdrúbal Esteban Fontes "Pocho" Bayardo | Pan de Azúcar | Chevrolet |
34 | José Otero | Bagé, RS | Cunningham |
O circuito
As provas se realizariam no chamado Circuito Farroupilha. O traçado tinha em torno de 3 km, no entorno do Parque Farroupilha, e havia sido bolado alguns anos antes pela já extinta Associação Rio-grandense de Volantes (ARVO). A largada e a chegada se davam no início da Rua José Bonifácio e os carros corriam no sentido anti-horário. Os boxes ficavam no antigo Posto Sagol, na esquina da José Bonifácio com a João Pessoa. Nos dias de espera pela prova, o local foi muito frequentado pelo público, que queria ver de perto os carros de grande prêmio. Oito arquibancadas foram montadas dentro do parque, além de duas passarelas, que deveriam permitir que as pessoas atravessassem as ruas em segurança enquanto as corridas estivessem sendo realizadas.[2]
As provas
Até 1.200 cilindradas
A largada da prova preliminar, de 25 voltas, foi dada às 9h. Ângelo Juliano e Lupiscínio Vieira saltaram a frente, mas na primeira curva, no final da José Bonifácio, o piloto gaúcho derrapou e levou junto o paulista. Com a confusão, "Bocha" Gonzalez assumiu a liderança, com o compatriota Modesto Balcarce como escudeiro. Ao longo da sequência da prova, o único piloto que chegou a ameaçar a liderança dos uruguaios foi Aldo Costa, que acabou abandonando por um pistão quebrado. Já no final da prova, Balcarce acabou rodando e permitiu a ultrapassagem de Lupiscínio Vieira. Gonzalez venceu a prova com facilidade, administrando a perigosa pista molhada.
Força Livre
Com atraso, a largada para as 40 voltas da prova principal foi dada às 11h20. O anfitrião Catharino Andreatta largou na frente e manteve a liderança nas três primeiras voltas, quando teve que abandonar a prova por problemas mecânicos. Com a desistência de Andreatta, Henrique Casini e Óscar Gonzalez (que havia vencido a primeira corrida) ficaram sem adversários na liderança. Na nona volta, a barra da direção do Allard de Gonzalez quebrou, facilitando muito a vitória de Casini. A prova foi completada a relativa baixa velocidade, com apenas os dois primeiros colocados na mesma volta.
Os pódios
Até 1.200 cilindradas
Piloto | Carro | Tempo | |
---|---|---|---|
1 | Óscar Mario "Bocha" Gonzalez | Simca 8 | 1h 07min 17s |
2 | Lupiscínio Vieira | Simca 8 | |
3 | Modesto Balcarce | Simca 8 |
Força Livre
Piloto | Carro | Tempo | |
---|---|---|---|
1 | Henrique Cassini | Ferrari | 1h 38min 58s |
2 | Jayr de Mello Viana | Ferrari | |
3 |
A premiação
Os prêmios foram entregues na noite do domingo, num galeto oferecido pelo Grêmio aos pilotos e patrocinadores. O anfitrião foi o presidente gremista Saturnino Vanzelotti, que, alguns anos mais tarde, seria presidente também do Automóvel Clube do Rio Grande do Sul.