Batalha dos Aflitos: mudanças entre as edições

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{{Info/Partida de futebol
{{Info/Partida de futebol
| title                  = Campeonato Brasileiro Série B 2005
| title                  = Campeonato Brasileiro Série B 2005
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===Segundo tempo===
===Segundo tempo===
O segundo tempo via o Náutico ainda pressionando, mas incapaz de abrir o marcador, mesmo após alcançar vantagem numérica com a expulsão do lateral [[Alejandro Escalona]] no minuto 26.<ref name=uol/> O Grêmio, com o 0x0, ia atingindo seu objetivo. Porém, aos 35 minutos da etapa complementar, o juiz [[Djalma Beltrami]] anotou uma bola que acertou o cotovelo do defensor gremista [[Eduardo Martins Nunes|Nunes]] como pênalti para os pernambucanos, acusando Nunes de ter tocado com a mão na bola. Considerando a marcação injusta, os gremistas se revoltaram e foram tirar satisfação com o árbitro, que expulsou Nunes e [[Patrício Antônio Boques|Patrício]] após ser agredido pelos atletas. A Polícia Militar de Pernambuco invadiu o campo, agrediu os gremistas, e instalou-se uma confusão generalizada com reservas, dirigentes e torcedores entrando no gramado. A partida ficou parada por mais de 20 minutos, com o meia [[Marcel Silva Andrade|Marcel]] arrancando a grama da marca do pênalti visando impedir a cobrança da penalidade e [[Domingos Nascimento dos Santos Filho|Domingos]] sendo expulso após tirar a bola das mãos do juiz. Os dirigentes do time tricolor ameaçaram tirar o time de campo em diversas oportunidades. Na visão deles, essa poderia ser a única chance de, nos tribunais, tentar reverter um quadro que, no campo, parecia irreversível: já com sete jogadores, uma expulsão a mais do tricolor encerraria a partida porque as regras impedem um time de ter menos de 7 jogadores, e se o Grêmio sofresse o gol de pênalti precisaria, com 4 jogadores a menos, fazer 1 gol para empatar o jogo desta forma e subir para a elite do futebol brasileiro. Porém ao se constar que o jogo havia sido interrompido por falta de condições de segurança, os tribunais desportivos poderiam anular o resultado para ajudar o time gaúcho. No entanto, o técnico [[Mano Menezes]] decidiu que retirar a equipe em campo seria uma marca negativa, e decidiu conter os jogadores que tentavam impedir a entrada de Beltrami antes de falar com o árbitro e o presidente gremista Paulo Odone. Após discutir com um assessor advogado, Odone decidiu que o risco de depender uma decisão da justiça desportiva não valia a pena, e pediu ao goleiro [[Rodrigo José Galatto|Galatto]] que tomasse parte na cobrança. Os ânimos arrefeceram e os gremistas voltaram às suas posições.<ref>{{Citar web|titulo=Batalha dos Aflitos e reconhecida internacionalmente|jornal=Flogao|url=https://www.flogao.com.br/maniagremista/blog/1139208}}</ref><ref>Rossi, Jonas e Mendes Júnior, Leonardo. ''Guia Politicamente Incorreto do Futebol''. Editora LeYa, 2014. Capítulo "A Batalha dos Aflitos" (pp.101-108)</ref>
O segundo tempo via o Náutico ainda pressionando, mas incapaz de abrir o marcador, mesmo após alcançar vantagem numérica com a expulsão do lateral [[Alejandro Escalona]] no minuto 26.<ref name=uol/> O Grêmio, com o 0x0, ia atingindo seu objetivo. Porém, aos 35 minutos da etapa complementar, o juiz Djalma Beltrami anotou uma bola que acertou o cotovelo do defensor gremista [[Eduardo Martins Nunes|Nunes]] como pênalti para os pernambucanos, acusando Nunes de ter tocado com a mão na bola. Considerando a marcação injusta, os gremistas se revoltaram e foram tirar satisfação com o árbitro, que expulsou Nunes e [[Patrício Antônio Boques|Patrício]] após ser agredido pelos atletas. A Polícia Militar de Pernambuco invadiu o campo, agrediu os gremistas, e instalou-se uma confusão generalizada com reservas, dirigentes e torcedores entrando no gramado. A partida ficou parada por mais de 20 minutos, com o meia [[Marcel Silva Andrade|Marcel]] arrancando a grama da marca do pênalti visando impedir a cobrança da penalidade e [[Domingos Nascimento dos Santos Filho|Domingos]] sendo expulso após tirar a bola das mãos do juiz. Os dirigentes do time tricolor ameaçaram tirar o time de campo em diversas oportunidades. Na visão deles, essa poderia ser a única chance de, nos tribunais, tentar reverter um quadro que, no campo, parecia irreversível: já com sete jogadores, uma expulsão a mais do tricolor encerraria a partida porque as regras impedem um time de ter menos de 7 jogadores, e se o Grêmio sofresse o gol de pênalti precisaria, com 4 jogadores a menos, fazer 1 gol para empatar o jogo desta forma e subir para a elite do futebol brasileiro. Porém ao se constar que o jogo havia sido interrompido por falta de condições de segurança, os tribunais desportivos poderiam anular o resultado para ajudar o time gaúcho. No entanto, o técnico [[Mano Menezes]] decidiu que retirar a equipe em campo seria uma marca negativa, e decidiu conter os jogadores que tentavam impedir a entrada de Beltrami antes de falar com o árbitro e o presidente gremista Paulo Odone. Após discutir com um assessor advogado, Odone decidiu que o risco de depender uma decisão da justiça desportiva não valia a pena, e pediu ao goleiro [[Rodrigo José Galatto|Galatto]] que tomasse parte na cobrança. Os ânimos arrefeceram e os gremistas voltaram às suas posições.<ref>{{Citar web|titulo=Batalha dos Aflitos e reconhecida internacionalmente|jornal=Flogao|url=https://www.flogao.com.br/maniagremista/blog/1139208}}</ref><ref>Rossi, Jonas e Mendes Júnior, Leonardo. ''Guia Politicamente Incorreto do Futebol''. Editora LeYa, 2014. Capítulo "A Batalha dos Aflitos" (pp.101-108)</ref>


O jogador '''Ademar''', zagueiro do Náutico, foi escolhido para bater esta penalidade que poderia decretar o fim da agremiação gaúcha. Porém, Galatto defendeu a cobrança, e no escanteio resultante, o Grêmio armou um contra-ataque no qual o jogador tricolor [[Anderson Luís de Abreu Oliveira|Anderson]] disparou para o campo de ataque e, sozinho, entrou a dribles na zaga pernambucana para anotar o único gol da partida aos 61 minutos do segundo tempo: Grêmio 1 x 0 Náutico. Atônitos, os jogadores e torcedores do Náutico ficaram sem reação com o que estava acontecendo, enquanto os jogadores e comissão técnica gremista corriam para todos os lados chorando e comemorando algo que, minutos antes, conforme colocado pelo narrador '''Pedro Ernesto Denardin'', da Rádio Gaúcha, "só aconteceria por um milagre". O tricolor gaúcho voltava à elite do futebol brasileiro.
O jogador '''Ademar''', zagueiro do Náutico, foi escolhido para bater esta penalidade que poderia decretar o fim da agremiação gaúcha. Porém, Galatto defendeu a cobrança, e no escanteio resultante, o Grêmio armou um contra-ataque no qual o jogador tricolor [[Anderson Luís de Abreu Oliveira|Anderson]] disparou para o campo de ataque e, sozinho, entrou a dribles na zaga pernambucana para anotar o único gol da partida aos 61 minutos do segundo tempo: Grêmio 1 x 0 Náutico. Atônitos, os jogadores e torcedores do Náutico ficaram sem reação com o que estava acontecendo, enquanto os jogadores e comissão técnica gremista corriam para todos os lados chorando e comemorando algo que, minutos antes, conforme colocado pelo narrador '''Pedro Ernesto Denardin''', da Rádio Gaúcha, "só aconteceria por um milagre". O tricolor gaúcho voltava à elite do futebol brasileiro.


Como no outro jogo o Santa Cruz havia vencido por 2 a 1, o tricolor pernambucano confirmara o acesso e mantinha o título enquanto o jogo nos Aflitos não acabava, e chegou a dar a volta olímpica no Arruda com um troféu improvisado. Porém, o gol do Grêmio garantiu o título da Série B aos gaúchos.<ref>[http://trivela.uol.com.br/santa-cruz-100-anos-um-passo-da-eternidade/ 2005: Santa Cruz vira sobre Portuguesa, faz a festa no Arruda e volta à Série A]</ref>
Como no outro jogo o Santa Cruz havia vencido por 2 a 1, o tricolor pernambucano confirmara o acesso e mantinha o título enquanto o jogo nos Aflitos não acabava, e chegou a dar a volta olímpica no Arruda com um troféu improvisado. Porém, o gol do Grêmio garantiu o título da Série B aos gaúchos.<ref>[http://trivela.uol.com.br/santa-cruz-100-anos-um-passo-da-eternidade/ 2005: Santa Cruz vira sobre Portuguesa, faz a festa no Arruda e volta à Série A]</ref>
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O jornal britânico '''The Times''' ressaltou os feitos do Grêmio e o caráter atípico da partida, denominando o tricolor gaúcho como o "Fight Club", em referência ao premiado filme homônimo de David Fincher. O portal uruguaio '''Fútbol''' destacou o desempenho do Grêmio como "milagroso e heróico". O diário esportivo argentino '''Ole''' disse que nem o sonho dos mais otimistas gremistas poderiam ter imaginado algo "tão lindo"<ref>{{Citar web|titulo=Batalha dos Aflitos: há 10 anos, o impossível foi abolido do vocabulário tricolor|jornal=LINHA DE FUNDO|url=http://www.linhadefundo.com/2015/11/batalha-dos-aflitos-ha-10-anos-o.html}}</ref>. O narrador Pedro Ernesto Denardin, que acompanhou a partida pela Rádio Gaúcha, ressaltou no ato do gol da vitória que o Grêmio realizava uma façanha sem igual na história do futebol. No aniversário de 10 anos da partida, o narrador destacou que o feito segue vivo na memória do torcedor e do esporte como um todo:
O jornal britânico '''The Times''' ressaltou os feitos do Grêmio e o caráter atípico da partida, denominando o tricolor gaúcho como o "Fight Club", em referência ao premiado filme homônimo de David Fincher. O portal uruguaio '''Fútbol''' destacou o desempenho do Grêmio como "milagroso e heróico". O diário esportivo argentino '''Ole''' disse que nem o sonho dos mais otimistas gremistas poderiam ter imaginado algo "tão lindo"<ref>{{Citar web|titulo=Batalha dos Aflitos: há 10 anos, o impossível foi abolido do vocabulário tricolor|jornal=LINHA DE FUNDO|url=http://www.linhadefundo.com/2015/11/batalha-dos-aflitos-ha-10-anos-o.html}}</ref>. O narrador Pedro Ernesto Denardin, que acompanhou a partida pela Rádio Gaúcha, ressaltou no ato do gol da vitória que o Grêmio realizava uma façanha sem igual na história do futebol. No aniversário de 10 anos da partida, o narrador destacou que o feito segue vivo na memória do torcedor e do esporte como um todo:


{{quote2|''É uma coisa realmente inacreditável o que aconteceu, jamais imaginei que pudesse ver alguma coisa parecida com aquilo. O Grêmio, com sete homens contra 11, conseguiu fazer o gol que deu a vitória. Temos aí a Batalha dos Aflitos, um dos episódios mais marcantes da história do futebol brasileiro.''<ref>{{Citar web|titulo=Narrador lembra gol do Grêmio na "Batalha dos Aflitos": "Inacreditável"|jornal=sportv.com|url=http://sportv.globo.com/site/programas/redacao-sportv/noticia/2015/11/narrador-lembra-gol-do-gremio-na-batalha-dos-aflitos-inacreditavel.html|idioma=pt-BR}}</ref>}}
{{quote2|''É uma coisa realmente inacreditável o que aconteceu, jamais imaginei que pudesse ver alguma coisa parecida como aquilo. O Grêmio, com sete homens contra 11, conseguiu fazer o gol que deu a vitória. Temos aí a Batalha dos Aflitos, um dos episódios mais marcantes da história do futebol brasileiro.''<ref>{{Citar web|titulo=Narrador lembra gol do Grêmio na "Batalha dos Aflitos": "Inacreditável"|jornal=sportv.com|url=http://sportv.globo.com/site/programas/redacao-sportv/noticia/2015/11/narrador-lembra-gol-do-gremio-na-batalha-dos-aflitos-inacreditavel.html|idioma=pt-BR}}</ref>}}


Posteriormente, o feito originou um livro, ''71 Segundos - o Jogo de Uma Vida'' (2006),  e o documentário ''Inacreditável - A Batalha dos Aflitos'' (2006).<ref>[http://www.filmeinacreditavel.com.br/site/ Página da produtora do documentário ''Inacreditável - a batalha dos aflitos''.]</ref><ref>[http://www.gremio.net/news/view.aspx?id=606&language=0 Dados do documentário ''Inacreditável - a batalha dos aflitos'' na página do Grêmio.]</ref>
Posteriormente, o feito originou um livro, ''71 Segundos - o Jogo de Uma Vida'' (2006),  e o documentário ''Inacreditável - A Batalha dos Aflitos'' (2006).<ref>[http://www.filmeinacreditavel.com.br/site/ Página da produtora do documentário ''Inacreditável - a batalha dos aflitos''.]</ref><ref>[http://www.gremio.net/news/view.aspx?id=606&language=0 Dados do documentário ''Inacreditável - a batalha dos aflitos'' na página do Grêmio.]</ref>
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== Equipes ==
== Equipes ==
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{{:Ficha Técnica: Náutico 0 x 1 Grêmio - 26/11/2005}}
|competição  = [[Campeonato Brasileiro de Futebol - Série B de 2005|Série B]]
|data  = [[26 de novembro]] de [[2005]]
|hora  = 16:00 (UTC-2)
|time1  = [[Clube Náutico Capibaribe|Náutico]] {{BRAb}}
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|gols2  = [[Anderson Luís de Abreu Oliveira|Anderson]] {{Gol|90+16}}
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|publico= 29.891 pessoas
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|arbitro= {{Arbitro|BR-RJ|RJ|Djalma Beltrami}}<br />'''Assistente 1:''' {{Assistente|BR-RJ|RJ|Hilton Rodrígues|FIFA}} <br /> '''Assistente 2:''' {{Assistente|BR-RJ|RJ|Carlos Enrique de Lima}}<br />'''4º Árbitro:''' {{Arbitro|BR-PE|PE|Patrício Antônio de Souza}} <br />
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== Ligações externas ==
* {{Link|pt|2=http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/Campeonatos/0,,MUL192265-4276,00.html|3=Resumo da "Batalha"|4=no GloboEsporte.com}}.
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{{Referências}}
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[[Categoria:Fichas técnicas]]
[[Categoria:Súmulas]]
[[Categoria:Súmulas Série B]]
[[Categoria:Súmulas de 2005]]
[[Categoria:Jogos contra Náutico]]
[[Categoria:Jogos contra Náutico]]
[[Categoria:História do Grêmio]]

Edição atual tal como às 12h05min de 27 de setembro de 2018

Batalha dos Aflitos

Batalha dos Aflitos é o nome usado para uma conquista do título Campeonato Brasileiro Série B de 2005 disputado no sábado, 26 de novembro de 2005 entre Náutico e Grêmio em Recife, Pernambuco. O nome "Batalha dos Aflitos" é usado em referência ao local da partida, o Estádio dos Aflitos, no bairro dos Aflitos, e também à enorme tensão demonstrada por ambos os clubes durante a partida. O eventual vencedor seria promovido para o Campeonato Brasileiro Série A em 2006. Um pênalti no segundo tempo levou a uma confusão generalizada que paralisou o jogo por 27 minutos, com quatro jogadores gremistas expulsos e ingresso em campo da polícia e de dirigentes. Após a cúpula gremista desistir de tirar a equipe de campo e aceitar a cobrança do pênalti, o goleiro Galatto defendeu a penalidade, levando a um contra-ataque em que Anderson marcou um gol, dando o título da Série B ao Grêmio.

Prelúdio

O Grêmio foi rebaixado pela segunda vez após acabar o Brasileiro de 2004 na última colocação, enquanto o Náutico não disputava a primeira divisão desde 1994.[2] A Série B de 2005 foi a última edição do torneio antes de ser implementado o sistema de pontos corridos, tendo sido disputada em três fases e, ao final, promovendo apenas duas equipes.[3] Na primeira fase, o Grêmio acabou em quarto e o Náutico em sétimo. Na segunda, com dois grupos de 4, o Náutico venceu seu grupo e o Grêmio ficou em segundo, e assim ambos foram para o quadrangular final que determinaria as equipes promovidas.

A última rodada, em 26 de novembro de 2005, teria duas partidas no Recife. No Estádio do Arruda, o Santa Cruz enfrentava a Portuguesa, enquanto no Estádio dos Aflitos o Náutico recebia o Grêmio. Apenas a Portuguesa tinha poucas chances de classificação. O Grêmio precisava de, no mínimo, um empate para se garantir na Série A do ano seguinte e de uma vitória para ser campeão da Série B. O Náutico precisava vencer a partida para garantir o acesso junto com o Santa Cruz.[4] A situação financeira problemática do Grêmio implicava que em caso de não se classificar, o clube poderia decretar falência.[5]

Classificação antes da partida

Pos Time P J V E D GP GC SG
1 Rio Grande do Sul Grêmio 9 5 2 3 0 7 4 3
2 Pernambuco Santa Cruz 7 5 2 1 2 5 7 -2
3 Pernambuco Náutico 6 5 2 0 3 6 5 1
4 São Paulo Portuguesa 5 5 1 2 2 8 10 -2
Promovidas para a Série A em 2006

Resumo

Prévia e primeiro tempo

Antes mesmo de começar, o Náutico e sua torcida demonstravam hostilidade ao Grêmio. Os dirigentes e torcedores gremistas foram forçados por funcionários do Náutico a entrar no estádio passando pela torcida pernambucana, enquanto os atletas entraram em um minúsculo vestiário recém-pintado, com uma porta fechada a cadeado que impedia acesso ao gramado para o aquecimento.[6] Desde o início da partida, muito disputada, o nervosismo era claro em todos os jogadores. Jogadas ríspidas e reclamações eram constantes. O Náutico atacava mais, esbarrando na fechada defesa gremista. O Náutico errou um pênalti na primeira etapa.[7]

Segundo tempo

O segundo tempo via o Náutico ainda pressionando, mas incapaz de abrir o marcador, mesmo após alcançar vantagem numérica com a expulsão do lateral Alejandro Escalona no minuto 26.[7] O Grêmio, com o 0x0, ia atingindo seu objetivo. Porém, aos 35 minutos da etapa complementar, o juiz Djalma Beltrami anotou uma bola que acertou o cotovelo do defensor gremista Nunes como pênalti para os pernambucanos, acusando Nunes de ter tocado com a mão na bola. Considerando a marcação injusta, os gremistas se revoltaram e foram tirar satisfação com o árbitro, que expulsou Nunes e Patrício após ser agredido pelos atletas. A Polícia Militar de Pernambuco invadiu o campo, agrediu os gremistas, e instalou-se uma confusão generalizada com reservas, dirigentes e torcedores entrando no gramado. A partida ficou parada por mais de 20 minutos, com o meia Marcel arrancando a grama da marca do pênalti visando impedir a cobrança da penalidade e Domingos sendo expulso após tirar a bola das mãos do juiz. Os dirigentes do time tricolor ameaçaram tirar o time de campo em diversas oportunidades. Na visão deles, essa poderia ser a única chance de, nos tribunais, tentar reverter um quadro que, no campo, parecia irreversível: já com sete jogadores, uma expulsão a mais do tricolor encerraria a partida porque as regras impedem um time de ter menos de 7 jogadores, e se o Grêmio sofresse o gol de pênalti precisaria, com 4 jogadores a menos, fazer 1 gol para empatar o jogo desta forma e subir para a elite do futebol brasileiro. Porém ao se constar que o jogo havia sido interrompido por falta de condições de segurança, os tribunais desportivos poderiam anular o resultado para ajudar o time gaúcho. No entanto, o técnico Mano Menezes decidiu que retirar a equipe em campo seria uma marca negativa, e decidiu conter os jogadores que tentavam impedir a entrada de Beltrami antes de falar com o árbitro e o presidente gremista Paulo Odone. Após discutir com um assessor advogado, Odone decidiu que o risco de depender uma decisão da justiça desportiva não valia a pena, e pediu ao goleiro Galatto que tomasse parte na cobrança. Os ânimos arrefeceram e os gremistas voltaram às suas posições.[8][9]

O jogador Ademar, zagueiro do Náutico, foi escolhido para bater esta penalidade que poderia decretar o fim da agremiação gaúcha. Porém, Galatto defendeu a cobrança, e no escanteio resultante, o Grêmio armou um contra-ataque no qual o jogador tricolor Anderson disparou para o campo de ataque e, sozinho, entrou a dribles na zaga pernambucana para anotar o único gol da partida aos 61 minutos do segundo tempo: Grêmio 1 x 0 Náutico. Atônitos, os jogadores e torcedores do Náutico ficaram sem reação com o que estava acontecendo, enquanto os jogadores e comissão técnica gremista corriam para todos os lados chorando e comemorando algo que, minutos antes, conforme colocado pelo narrador Pedro Ernesto Denardin, da Rádio Gaúcha, "só aconteceria por um milagre". O tricolor gaúcho voltava à elite do futebol brasileiro.

Como no outro jogo o Santa Cruz havia vencido por 2 a 1, o tricolor pernambucano confirmara o acesso e mantinha o título enquanto o jogo nos Aflitos não acabava, e chegou a dar a volta olímpica no Arruda com um troféu improvisado. Porém, o gol do Grêmio garantiu o título da Série B aos gaúchos.[10]

Legado

A partida foi amplamente comentada pela imprensa gaúcha, nacional e, inclusive, internacional. Em especial foi ressaltado como o jogo marcava a redenção do Grêmio, que ia fechando uma temporada em baixa com um jogo dramático, mas conseguiu superar todas as dificuldades em apenas 71 segundos para voltar à Série A com o título da segunda divisão.

O jornal britânico The Times ressaltou os feitos do Grêmio e o caráter atípico da partida, denominando o tricolor gaúcho como o "Fight Club", em referência ao premiado filme homônimo de David Fincher. O portal uruguaio Fútbol destacou o desempenho do Grêmio como "milagroso e heróico". O diário esportivo argentino Ole disse que nem o sonho dos mais otimistas gremistas poderiam ter imaginado algo "tão lindo"[11]. O narrador Pedro Ernesto Denardin, que acompanhou a partida pela Rádio Gaúcha, ressaltou no ato do gol da vitória que o Grêmio realizava uma façanha sem igual na história do futebol. No aniversário de 10 anos da partida, o narrador destacou que o feito segue vivo na memória do torcedor e do esporte como um todo:

Posteriormente, o feito originou um livro, 71 Segundos - o Jogo de Uma Vida (2006), e o documentário Inacreditável - A Batalha dos Aflitos (2006).[13][14]

A revista especializada Panenka publicou o artigo "Cuando el Inmortal estuvo a punto de morir" na edição de novembro de 2015, comemorando o décimo aniversário do jogo.

No ano seguinte, o Náutico ficou em terceiro no Campeonato Brasileiro de Futebol de 2006 - Série B, garantindo seu retorno à primeira divisão após 13 anos. Novamente a última rodada teve um jogo decisivo e sofrido nos Aflitos, onde o Náutico precisava bater o já eliminado Ituano para fechar o torneio na zona de classificação, e só fez os gols da vitória no segundo tempo. A campanha foi registrada pelo Náutico em um documentário, Batalha dos Aflitos 2 - A volta por cima (2007).[15]

Equipes

Campeonato Brasileiro - Série B Náutico Pernambuco 0 - 1 Rio Grande do Sul Grêmio Estádio Eládio de Barros Carvalho, Recife-PE, BRA
Quadrangular final: 6ª rodada (final)
sábado, 26 de novembro de 2005
16:00 (UTC-2)
Relatório
Súmula
Borderô
Gol marcado aos 90+16 minutos de jogo 90+16' Anderson
Público: 29.891 (22.353 pagantes)
Renda: R$ 302.070,00
Árbitro: BrasilBRA Djalma José Beltrami Teixeira



                     Cores do Náutico Cores do Náutico Cores do Náutico                     
Cores do Náutico
Cores do Náutico
Náutico
 
 
Formação: 4-2-2-2
GL   1    Brasil  Rodolpho
LD   2    Brasil  Bruno Carvalho Penalizado com cartão amarelo após 15 minutos 15' Substituído após 59 minutos de jogo 59'
ZG   3    Brasil  Tuca
ZG   4    Brasil  Batata Capitão Penalizado com cartão amarelo após 67 minutos 67' Penalizado com cartão amarelo seguido de vermelho após 90+15 minutos 90+15'
LE   6    Brasil  Ademar
VL   5    Brasil  Tozo Penalizado com cartão amarelo após 43 minutos 43' Substituído após 81 minutos de jogo 81'
VL   8    Brasil  Cleison
MC   7    Brasil  David Substituído após 71 minutos de jogo 71'
MC   10    Brasil  Danilo Cruz
AT   11    Brasil  Kuki
AT   9    Brasil  Paulo Matos Penalizado com cartão amarelo após 55 minutos 55'
Treinador:
Brasil  Roberto Cavalo
Substituições:
MC   17    Brasil  Miltinho Entrou em campo após 59 minutos 59'
AT   18    Brasil  Romualdo Entrou em campo após 71 minutos 71'
AT   16    Brasil  Beto Entrou em campo após 81 minutos 81'
Cores do Grêmio Cores do Grêmio Cores do Grêmio
Cores do Grêmio
Cores do Grêmio
Grêmio
 
 
Formação: 4-2-2-2
GL   1    Brasil Galatto
LD   2    Brasil Patrício Expulso a 80 minutos 80'
ZG   3    Brasil Domingos Penalizado com cartão amarelo após 32 minutos 32' Expulso a 80 minutos 80'
ZG   4    Brasil Pereira Penalizado com cartão amarelo após 32 minutos 32'
LE   6    Chile Escalona Penalizado com cartão amarelo após 12 minutos 12' Penalizado com cartão amarelo seguido de vermelho após 78 minutos 78'
VL   5    Brasil Nunes Expulso a 80 minutos 80'
VL   8    Brasil Sandro Goiano Capitão
MC   10    Brasil Marcelo Costa
MC   11    Brasil Marcel Penalizado com cartão amarelo após 80 minutos 80' Substituído após 60 minutos de jogo 60'
AT   7    Brasil Ricardinho Substituído após int minutos de jogo int'
AT   9    Uruguai Lipatín Substituído após 81 minutos de jogo 81'
Treinador:
Brasil Mano Menezes
Substituições:
VL   15    Brasil Lucas Entrou em campo após int minutos int'
MC   17    Brasil Anderson Entrou em campo após 60 minutos 60'
ZG   13    Brasil Marcelo Oliveira Entrou em campo após 81 minutos 81'

Ligações externas


Referências